ASF apresenta a segunda edição do Relatório anual de Exposição ao Risco Climático dos setores Segurador e dos Fundos de Pensões
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) apresenta publicamente a segunda edição do relatório de exposição ao risco climático dos setores segurador e dos fundos de pensões nacionais. Reafirma, assim, o seu compromisso com uma abordagem analítica aos riscos climáticos, que permita a deteção atempada dos riscos e a identificação de oportunidades.
Esta edição caracteriza-se pela maturação e expansão das análises dedicadas aos riscos climáticos. Destaca-se o aprofundamento da análise à exposição aos riscos climáticos físicos através das coberturas de seguro comercializadas pelos operadores nacionais. Ao nível da exposição a riscos climáticos de transição, foi incluída uma classe de ativos adicional – os fundos de investimento.
A maturação e aprofundamento aplicados pela ASF a este relatório refletem também a sua expectativa face aos operadores supervisionados. Em particular, no que se refere ao seu progresso na consideração da relevância das alterações climáticas para as suas cadeias de valor, bem como na integração dos riscos de sustentabilidade na sua governação.
De seguida, são sintetizadas as principais conclusões e mensagens do relatório:
Carteiras de investimento e riscos climáticos de transição:
- Os emitentes soberanos com maior peso nas carteiras de investimentos dos setores segurador e dos fundos de pensões – todos da área do euro – apresentam scores de risco climático alinhados com a média da União Europeia (UE), sendo expectável um compromisso sólido com os esforços de transição hipocarbónica.
- As carteiras de dívida privada detidas pelos setores segurador e dos fundos de pensões continuam a demonstrar resiliência face a potenciais pressões crescentes no sentido de diminuição de emissões, ou de adoção de medidas compensatórias adicionais associadas aos gases com efeito de estufa. Esta conclusão decorre da distribuição de emissões de CO2 relativamente ao volume de negócio dos diferentes emitentes no portefólio, bem como da proporção limitada de emitentes cuja atividade económica é classificada como climaticamente relevante. Com base nos mesmos indicadores, as carteiras acionistas dos setores segurador e dos fundos de pensões configuram reduzida exposição a riscos climáticos de transição.
- Cerca de um terço da exposição, dos setores supervisionados, a fundos de investimento tem subjacente entidades gestoras classificadas como líderes em matéria de sustentabilidade.
Coberturas seguradoras e riscos climáticos físicos:
- Estima-se que o universo da carteira de incêndio e multirriscos conte com um total de quase 4,4 milhões de apólices, das quais 90% estão afetas ao segmento de habitação, e as restantes repartidas entre comércio e serviços (9%) e indústria (1%). A globalidade da carteira inclui cobertura de risco de incêndio, e cerca de 98% cobre também riscos de inundação e tempestades.
- A carteira de incêndio e multirriscos representa um valor global de capitais seguros na ordem dos 950 mil milhões, dos quais 666 mil milhões se referem ao segmento de habitação. Uma proporção maioritária desse valor (88%) é destinada a cobertura de custos de reconstrução.
- Uma proporção de 29% dos fogos seguros está exposta ao risco de incêndio rural, totalizando cerca de um milhão de habitações. Adicionalmente, cerca de 27 mil fogos cobertos estão localizados em zonas mais vulneráveis a riscos de inundação conotáveis com o espectro climático.
Perspetivas futuras de exposição dos setores segurador e dos fundos de pensões aos riscos climáticos:
- Quanto às perspetivas futuras com potenciais repercussões sobre a exposição dos setores segurador e dos fundos de pensões aos riscos climáticos, são identificados os fatores (i) macroeconómicos e geopolíticos, (ii) de dinamização do mercado de investimentos sustentáveis, e de transparência e comparabilidade no universo de títulos financeiros com atributos de sustentabilidade, (iii) de volume de informação corporativa de sustentabilidade relatada, e (iv) de gestão dos riscos de sustentabilidade nos regimes prudenciais aplicáveis aos setores segurador e dos fundos de pensões.
- Para além destes fatores - de cariz mais exógeno - as perspetivas futuras dos setores segurador e dos fundos de pensões face aos riscos climáticos, a nível nacional, serão também intrinsecamente influenciadas pela maturação da sua capacidade de intervenção ativa no domínio climático. Essa intervenção deve ser baseada em conhecimento e capacidade de gestão dos riscos subjacentes, num quadro de crescente responsabilidade e exigência, dada a importância da transição climática, bem como a magnitude das consequências económicas e sociais de uma transição insuficiente.
Consulte o Relatório de Exposição ao Risco Climático dos setores Segurador e dos Fundos de Pensões.