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Migalhas de pão

Painel de Riscos do Setor Segurador da ASF – março de 2025

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) publica a mais recente edição do Painel de Riscos do Setor Segurador, apresentando o panorama atual dos riscos face à informação disponível. Em concreto, o Painel considera a informação das variáveis financeiras relativa a 17 de março de 2025, conjugada com os dados reportados pelas empresas de seguros com referência a 31 de dezembro de 2024.

Na presente edição do Painel de Riscos, os riscos macroeconómicos mantêm-se em nível médio-alto, embora com tendência ascendente. Esta evolução resulta do contexto internacional adverso, marcado por conflitos geopolíticos e políticas comerciais protecionistas, que poderão afetar o crescimento económico e a inflação na Europa e em Portugal. Além disso, a situação é agravada pela instabilidade política a nível nacional.

Os riscos de crédito mantiveram-se no nível médio-alto. Registou-se a redução da exposição do setor segurador à dívida privada e a descida gradual das taxas de juro de referência pelo Banco Central Europeu, que tem proporcionado melhores condições de financiamento. No entanto, persistem vulnerabilidades relacionadas com um potencial aumento do endividamento dos Estados-membros da União Europeia devido às crescentes necessidades de investimento em defesa.

Os riscos de mercado mantêm-se em nível médio-alto, com tendência ascendente. Desde o final de fevereiro de 2025, verificou-se um aumento da volatilidade dos mercados obrigacionista e acionista, refletindo a incerteza económica e geopolítica, o que potencia o risco de uma correção futura acentuada dos preços dos ativos. Importa referir que, nos dias anteriores à publicação da presente edição, em resultado da imposição de tarifas pelos EUA, assistiu-se a um agravamento da volatilidade nos mercados acionistas desde a data de corte das variáveis financeiras considerada neste Painel, em cerca de 14% (entre 17 de março e 7 de abril). No referido período, a volatilidade dos mercados obrigacionistas apresentou uma evolução no mesmo sentido, ainda que mais comedida.

A categoria de riscos de liquidez permanece em nível médio-baixo, apesar de uma ligeira deterioração do rácio de liquidez de ativos. Em contrapartida, o rácio de entradas sobre saídas continuou a apresentar melhorias.

Os riscos de rendibilidade e solvência mantêm-se no nível médio-baixo, mas com tendência inclinada ascendente. Esta evolução é explicada pela deterioração dos resultados técnicos do ramo automóvel. Apesar de um ligeiro decréscimo, o rácio global de solvência manteve-se acima dos 200%, assegurando uma posição global sólida do setor para fazer face a eventos adversos.

Os riscos de interligações mantêm-se em nível médio-baixo. As exposições das empresas de seguros à dívida soberana nacional e ao setor financeiro diminuíram face ao trimestre anterior. Por sua vez, registou-se um aumento na concentração de ativos por grupo económico e por setor de atividade.

Nos riscos específicos de seguros, o ramo Vida registou uma melhoria, passando do nível médio-alto para médio-baixo (tendência descendente). Já os ramos Não Vida mantiveram-se avaliados em médio-alto. Em ambos os segmentos, verificou-se uma evolução positiva da produção em 2024. No entanto, nos ramos Não Vida, as alterações nas políticas comerciais internacionais poderão vir a afetar as rendibilidades futuras do negócio, devido ao seu potencial impacto nos custos com sinistros.

Consulte o Painel de Riscos do Setor Segurador da ASF – março de 2025

 

Sobre o Painel de Riscos do Setor Segurador

O Painel de Riscos do Setor Segurador português é uma das ferramentas utilizadas pela ASF para a identificação e mensuração dos riscos e vulnerabilidades do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira, tendo por base um conjunto de indicadores, e considerando 8 categorias de risco: macroeconómico, crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade, interligações, específicos de seguros vida e específicos de seguros não vida.

No painel, o nível dos riscos é representado pelas cores: vermelho – alto; laranja – médio alto; amarelo – médio baixo; e, verde – baixo. A tendência de evolução dos riscos refere-se à alteração face ao último trimestre e é representada pelas setas: ascendente – aumento significativo do risco; inclinada ascendente – aumento do risco; lateral – constante; inclinada descendente – diminuição do risco; e, descendente – diminuição significativa do risco.

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