Consumer Trends Report 2024

O relatório destaca quatro grandes áreas: a relação custo-benefício (value for money) de alguns produtos de seguros e de pensões; a apetência dos consumidores por produtos complementares de reforma, em linha com a expetativa de virem a auferir uma pensão significativamente inferior ao último salário (pension gap); as transformações decorrentes da inteligência artificial (IA) e a forma como a digitalização tem impactado os setores dos seguros e dos fundos de pensões.

De uma forma mais detalhada:

1. Apesar de se terem verificado melhorias ao nível da relação custo-benefício (value for money) de alguns produtos, ainda se identificam situações em que esta relação penaliza o consumidor.
   Os dados do Eurobarómetro de 2024 da EIOPA indicam que apenas 45% dos consumidores da UE acreditam que o seu produto de investimento com base em seguros oferece uma boa relação custo-benefício, sendo este valor de 50% quando se trata de produtos individuais de reforma. Em Portugal, estes valores situam-se perto da média europeia, ficando um pouco acima para os produtos de investimento com base em seguros (51%) e ligeiramente abaixo no que diz respeito aos produtos individuais de reforma (47%).
    
2. Num contexto em que é expectável o alargamento do pension gap, o relatório analisa igualmente o comportamento dos consumidores no que respeita à aquisição de produtos complementares de reforma. De acordo com o Eurobarómetro de 2024 da EIOPA, apenas 20% dos cidadãos da UE declararam participar num plano de pensões profissionais, enquanto apenas 18% são titulares de um produto individual de reforma.
   A  taxa de penetração de produtos de pensões aumenta significativamente a partir dos 25 anos na UE, à medida que a maioria dos cidadãos entra na vida ativa. O grupo etário que detém mais produtos de pensões é o que se situa entre os  25 e os 39 anos. Os dados mostram também que apenas 42% dos consumidores da UE estão confiantes de que terão dinheiro suficiente para viver confortavelmente durante a reforma. Portugal acompanha a média europeia neste indicador.  Em Portugal apenas 7% dos consumidores afirmam ser titulares de um plano de pensões profissionais e 6% possuem um produto individual de reforma.
    
3. O relatório apresenta também informação sobre a forma como o aumento na utilização de ferramentas de inteligência artificial tem vindo a transformar a indústria seguradora, nomeadamente tornando os processos de gestão de sinistros mais rápidos e melhorando a experiência do consumidor. Persistem, no entanto, algumas preocupações sobre os riscos e a má tomada de decisões decorrentes da utilização de IA generativa, devido, por exemplo, a apoio inadequado ou compreensão limitada de situações específicas ou não padronizadas dos consumidores.
   Colocam-se também desafios relacionados com a privacidade, segurança e proteção de dados, bem como com a proteção dos consumidores. De acordo com o relatório da EIOPA,  17% dos consumidores da UE (e 15% dos consumidores portugueses) consideram que os dados pessoais que lhes foram solicitados quando adquiriram seguros online não eram necessários. Há ainda 24% (26% dos consumidores portugueses) que referem não confiar nas empresas de seguros para recolher e utilizar os seus dados pessoais de forma ética. Estes dados podem ser consultados em detalhe na ficha de resultados do Eurobarómetro respeitante a Portugal. 
    
4. Observa-se uma tendência crescente no número de consumidores que adquirem produtos online e que consultam as suas informações sobre seguros e pensões, através de ferramentas digitais. A par das oportunidades da digitalização, como uma gestão mais rápida dos sinistros ou uma comparabilidade mais fácil entre produtos, surgem também novos riscos e amplificam-se os já existentes, como a ausência de aconselhamento adequado e a utilização de técnicas de venda indevidas.

Há, contudo, um número significativo de consumidores que considera que o processo de reclamação é mais fácil e rápido devido a processos automatizados online (52% dos consumidores da EU e 60% dos consumidores portugueses).

O relatório indica que a digitalização, embora possa atrair consumidores mais jovens e com conhecimentos digitais através das redes sociais ou de influencers, pode também influenciar a compra de produtos arriscados e inadequados.

O relatório sinaliza também  o risco de exclusão digital, em particular dos consumidores de faixas etárias mais avançadas. 

Para além destas quatro grandes áreas, o relatório continua a dar destaque às questões relacionadas com os produtos com características de sustentabilidade e à atividade transfronteiriça. 

O Eurobarómetro da EIOPA revela um maior interesse dos consumidores relativamente a produtos “verdes” (30% em 2024, que contrasta com 27% em 2023). Adicionalmente, mais consumidores referem considerar comprar produtos “verdes” (16%) em comparação com o ano transato (13%).

Em Portugal, em 2024, apenas 2% (que compara com 4% na UE) dos consumidores afirmaram já ter comprado um produto sustentável ou identificado como “verde” e 12% considerariam comprar um produto deste tipo.

Os dados indicam que 19% dos consumidores da UE adquiriram conscientemente um seguro de uma empresa de seguros que tem atividade transfronteiriça, valor que aumenta para 32% no caso dos consumidores mais jovens (25-39 anos).  

Em Portugal, 18% dos consumidores adquiriram um produto de uma empresa de seguros sediada noutro país da UE (24% entre os 25 e os 39 anos).

Sobre o Consumer Trends Report 
O Consumer Trends Report analisa a evolução no comportamento dos consumidores de seguros e de fundos de pensões, identificando os riscos que podem emergir das novas tendências de mercado e que podem requerer ações específicas do ponto de vista da supervisão, procurando também promover uma convergência na ação da supervisão, alicerçada na partilha de informação entre as diferentes Autoridades de supervisão. 

Os dados usados resultam de diversas fontes de informação, incluindo os resultados do inquérito Eurobarómetro da EIOPA.

Consulte o Consumer Trends Report 2024 aqui (disponível, por enquanto, apenas em língua inglesa).

Consulte o Risk Heat Map aqui (disponível, por enquanto, apenas em língua inglesa).

Consulte a ficha informativa do Eurobarómetro da EIOPA com os dados de Portugal aqui (disponível em língua portuguesa).